segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Caros companheiros da sociedade civil niteroiense,

O tom desta carta é, antes de tudo, de alerta. Estou baseado em informações de terceiros sobre a participação de alguns membros desta sociedade no Conselho Municipal de Cultura de Niterói, uma vez que não pude participar dos últimos encontros e, tampouco, da eleição dos membros da câmara a que pertenço, a de radiodifusão, por motivos de trabalho.

Venho alertar esta sociedade sobre as atitudes e os discursos praticados pelas diferentes câmaras setoriais deste Conselho, que por vezes ferem o princípio do que penso ser a legitimidade do principal objetivo deste Conselho – participação da sociedade civil no encaminhamento de propostas ao Governo no que tange à cultura da cidade de Niterói. Em um espaço mínimo de tempo, fui também atingido por uma bomba que sugeriu, logo de cara, um separatismo explícito entre alguns membros da câmara setorial de radiodifusão. Aqueles que participaram da eleição dos conselheiros devem saber do que estou falando: uma enxurrada de radicalismo, procedida de isolamento de alguns setores importantes para encaminharmos e concretizarmos as nossas propostas.

O Conselho Municipal de Cultura sugere uma forma participativa da sociedade civil niteroiense na política pública do nosso município, ou seja, um modelo cooperativo. Não podemos partir do zero com princípios separatistas, correndo o risco de afastarmos nossa ligação que ainda nem começou de fato com a política local. Antes de ser um modelo partidário, a política é formada por pessoas que encaminham propostas, estas a serem estudadas e, possivelmente, aprovadas. Ressalvo também a importância dos conselheiros das câmaras que, por serem representantes das propostas dos demais membros, são obrigados a saber escutar quando necessário às propostas alheias, e não querer simplesmente impor sua máxima vontade contradizendo o próprio princípio da representatividade que requer o cargo eletivo de conselheiro. Esse modelo ultrapassado de representar somente uma minoria dominante é, de fato, o que mais vemos nesse nosso sistema falho. Não podemos repetir os mesmos erros.

Acredito fielmente nesse modelo cooperativista de diálogo, que pode nos trazer benefícios enquanto pessoas que participam de formulações das políticas públicas da nossa cidade. Resta-nos, por enquanto, irmos pensando e redigindo as nossas propostas enquanto aguardamos a nossa vez de apresentá-las, como legítimos cidadãos niteroienses. Só então seremos capazes de julgar o tratamento que receberemos frente às autoridades públicas e juntarmos nossas forças para fazer valer os nossos princípios enquanto cidadãos. Simplificando: antes de cairmos na porrada com os políticos, temos que ao menos tentar dialogar com eles. Só assim conseguiremos legitimar e fazerem encarar com seriedade a existência desse Conselho Municipal de Cultura. Somos nesse Conselho, acima de tudo, formado por cidadãos que querem efetivamente participar das políticas públicas da nossa cidade.

Atenciosamente,

BERNARDO CAHUÊ MARTINS
Câmara de Radiodifusão do CMC

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