sábado, 21 de fevereiro de 2009

Quando a arte abre caminhos

Hugo Rodrigues

fonte: Jornal O Fluminense
Publicado em 19/02/2009

Unindo música, cinema e talentos, o longa Contratempo estreou nos cinemas levando ao público personagens comuns, mas com exemplos de vida e superação. O filme, que marcou a estreia de Malu Mader na direção, conta a vida de jovens músicos que mudaram de rumo devido à arte. Em cena, meninos e meninas dos projetos Villa-Lobinhos, Orquestra Pró-Arte, ambos do Rio, e dos niteroienses Aprendiz - Música na Escola e da Orquestra da Grota.

No início, o filme seria apenas um curta contando a história do projeto Villa-Lobinhos, no qual Malu Mader foi convidada a ser madrinha da iniciativa. Com o tempo, a ideia foi amadurecendo e Malu convidou Mini Kerti, uma diretora mais experiente, para dividir com ela a função no documentário, que não teria mais o projeto com plano central, mas sim, os jovens músicos. Foi neste momento, que os novos projetos foram incluídos no filme.

"A escolha foi feita em cima de meninos do Villa-Lobinhos com quem já tínhamos uma relação mais estreita, uma empatia natural. Com isso, descobrimos que eles também tinham uma conexão com o pessoal da Grota do Surucucu e com o projeto Aprendiz. Resolvemos, então, abandonar aquilo como idéia central. Assim, o filme partiu como sendo um longa do projeto, mas a partir dali, passou a ser sobre esses jovens músicos", explica Malu Mader.

Da ‘Cidade Sorriso’ para Nova Iorque

Considerados dois dos novos talentos da música clássica brasileira, os gêmeos Wagner e Walter Caldas, de 23 anos, da Orquestra da Grota, são exemplos de Contratempo, que deram certo na vida.

Filhos do luthier Jonas Caldas, envolveram-se com a música através da Orquestra da Grota e foram bolsistas do Villa-Lobinhos.

O talento dos dois é tanto que, atualmente, eles estão estudando música em Iowa, nos Estados Unidos.

Durante o filme, a produção acompanhou os gêmeos na viagem à Nova York, para apresentações e estudo.

"A viagem para Nova York com os gêmeos foi muito engraçada e emocionante", destaca Mini Kerti.

"A música é também um meio de sobrevivência, uma possível profissão. Além de estarem ali se formando como músicos, eles estão se formando como pessoas", completa.


Cotidiano - Outro destaque de Niterói é a jovem Marcela Galvão, de 19 anos, que mora no Caramujo e começou na música há seis anos no Aprendiz, que leva música clássica às escolas da cidade.

Com a base musical preenchida através do Aprendiz, a jovem foi selecionada para tocar no Villa-Lobinhos.

Mini conta que a escolha por Marcela se deu pela emoção da jovem e por ela tocar violoncelo, algo incomum para meninas.

"A Marcela, por exemplo, escolhemos, porque uma mulher tocando violoncelo é incomum, não imaginávamos que ela seria uma personagem tão forte. Ela é incrível, tem a emoção à flor da pele. Então, cada um foi escolhido por alguma particularidade", destaca Mini.

No filme aparece todo o trajeto que Marcela percorre em seu cotidiano para ter aulas de música no Rio. Este é um dos pontos que, para Mini Kerti, Contratempo se torna tão emocionante.

"A Marcela viaja quase duas horas todo dia, com o violoncelo nas costas. Então, é uma imagem muito significativa. A oportunidade foi dada, sim, mas é preciso um esforço pra alcançar. Na minha opinião, as imagens dizem coisas que não necessariamente as entrevistas dizem", conclui.

Em cena

Villa-Lobinhos - Nascido em 2000, sob a administração do Movimento Viva Rio, Organização Não-Governamental (ONG) criada em 1993. Viabilizado com o apoio do Instituto Moreira Salles e do Museu Villa-Lobos, funciona sob a coordenação pedagógica de Turíbio Santos. Promove educação musical para jovens instrumentistas de baixa renda.


Orquestra da Grota - O projeto começou há mais de 20 anos pela iniciativa de Otávia Paes Selles. Após sua morte, em 1998, o filho e maestro, Marcio Paes Selles, junto com Lenora Pinto Mendes, assumem a direção do trabalho, voltando-o para o ensino de música. Surgiu assim a Orquestra de Cordas da Grota.


Aprendiz - Criado em 2001, por iniciativa da Prefeitura de Niterói, através da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Educação. Teve início com aulas de canto e de instrumentos de sopro e corda oferecidos a 270 crianças. Hoje, atende mais de dois mil alunos, de dez escolas da rede municipal, sob a coordenação dos maestros Márcio Paes Selles e Bernardo Bessler.


Orquestra Pró-Arte - Os seminários de Música Pro-Arte do Rio de Janeiro foram criados em 1957 por um grupo de músicos e professores liderados por H.J. Koellreutter, com o objetivo de criar uma escola de música que se opusesse ao padrão de ensino acadêmico. Hoje, conta com 30 professores, sob a presidência da professora Elza Usurpator Schachter.


O Fluminense

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

MENOS IMPOSTOS PARA A CULTURA, MAIS DESENVOLVIMENTO PARA O BRASIL

Fonte:

http://www.culturaemercado.com.br/post/menos-impostos-para-a-cultura-mais-desenvolvimento-para-o-brasil/


13 de Fevereiro de 2009 by Leonardo Brant



Com o título acima, o Instituto Pensarte, organização cultural responsável pela publicação de Cultura e Mercado, propõe uma articulação nacional em torno da redução de impostos e cobra do governo federal e dos congressistas um pacote de apoio ao setor cultural, fortemente abalado pelas recentes medidas governamentais, que além de triplicar os impostos das empresas culturais, minguar o orçamento e defenestrar as Leis de Incentivo à cultura e as conquistas advindas desse imperfeito mas efetivo instrumento.

Busco nas palavras inspiradoras do ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil, Roberto Mangabeira Unger, a análise do comportamento da esquerda governamental em torno das políticas culturais no Brasil. Em recente entrevista ao jornal El Pais, analisou o comportamento de três tipos de esquerda no mundo: 1) a vendida, que aceita o mercado e a globalização em suas formas atuais, e querem simplesmente humanizá-las por meio de políticas sociais; 2) a “recalcitrante”, que deseja desacelerar o progresso dos mercado e da globlalização, em defesa de sua base histórica tradicional; 3) e a que mais nos interessa (pelo menos a ele, Mangabeira, e a mim, que o subscrevo), focada na reconstrução do mercado e na reorientação da globalização, com um conjunto de inovações institucionais.

Para esse terceiro tipo de esquerda, declara o intelectual e professor de Barack Obama na Harvard, a primeira medida é democratizar a economia de mercado, depois capacitar o povo e, em seguida, aprofundar a democracia. “Eu entendo esse projeto como uma proposta da esquerda para a esquerda”, diz.

Quero buscar uma tradução aplicada às políticas culturais para a proposta de Unger:

1. Democratizar a economia de mercado: o governo federal cumpre bem o seu papel de reconhecer e fomentar os setores da produção cultural menos privilegiados. Mas precisa encontrar maneiras de inseri-los no mercado, sob o risco de gerar um ciclo vicioso de dependência dessa produção com o Estado (para não dizer governo, com sua agenda política imediatista).

2. Capacitar o povo: Marilena Chauí já apontava a necessidade de refazer o mito fundador do Brasil, recuperando a capacidade de auto-representação do povo. A garantia dos direitos culturais, inclusive de acesso aos conteúdos culturais (próprios e de outras culturas) é fundamental. A universalização do acesso deve andar de mãos dadas com um amplo programa de capacitação e formação de nossos artistas e produtores em relação à função política da cultura. A disponibilização de ferramentas de gestão cultural deve vir acompanhada de uma formação de base mais séria e profunda, já que estamos lidando a capacidade de gerir e forjar o nosso material simbólico. Em síntese, direito à educação.

3. Aprofundar a democracia: em recente aula sobre “direitos culturais”, ministrada no âmbito do Laboratório de Políticas Culturais, Fabio Maciel, presidente do Instituto Pensarte, aponta a dicotomia existente na defesa dos direitos humanos de primeira (ligados à liberdade) e segunda geração (igualdade). E a co-relação desses direitos pela conquista à solidariedade humana e à justiça social. Nosso maior desafio nesse campo é conseguir estabelecer a consolidação dos instrumentos públicos de participação social, atrelados à responsabilidade do Estado em relação à cultura, levando em conta, sobretudo, um pacto federativo que deixe claro os papéis das prefeituras, dos estados e da federação. Nesse ponto, o MinC caminhou a passos largos, com a proposição do Sistema, do Plano, da Conferência e do Conselho Nacional de Políticas Culturais.

Sua efetivação como instrumentos de reforço e aprofundamento da democracia está, nesse caso, atrelado aos pontos 1 e 2 da proposta de Unger. Ou, como diria Maciel, instrumentos de garantia de direitos civis e políticos são interdependentes aos direitos econômicos, sociais e culturais. Sob o risco de transformarem-se em meros mecanismos de controle (isso é interpretação minha).

Nesse sentido, a luta por um espaço no mercado para todos os artistas e produtores culturais é imperativo. Não por meio de uma subordinação aos interesses privados do mercado e sim em torno de conquistas efetivas de condições de produzir cultura com liberdade.

Por este motivo e por muitos outros aqui não citados, torna-se imprescindível a união dos agentes culturais de todos os cantos em nome de “Menos Impostos para a Cultura, Mais Desenvolvimento para o Brasil“, disponível em Petition OnLine.

Eu acabei de assinar!

Postado em TRIBUNA | 8 Comentários

8 Respostas para “MENOS IMPOSTOS PARA A CULTURA, MAIS DESENVOLVIMENTO PARA O BRASIL”
on 14 Fev 2009 at 9:351Candida Botelho
Prezado Brant,
Creio que é chover no molhado, para um país que insiste em considerar educação e cultura coisas diferentes.
Não sei qual o clamor que precisamos fazer para que se entenda que essa atividades são paro o desenvolvimento da nação, que há um enorme campo de trabalho para os menos favorecidos nas atividades culturais dentro de uma boa politica cultural…enfim ando bem aborrecida com insistencia em nossos dirigentes em bater nessa politca de ganhar mais e pagar menos!!!

on 14 Fev 2009 at 10:162Candida Botelho
Ola Brant,

Parece que é chover no molhado insistir para que nossos dirigentes entendam a importância do trabalho cultural que é um campo de trabalho e ganho para os menos favorecidos, e um caminho para a educação do país. Essa politica de ganhar mais e pagar menos, que invadiu a mentalidade do dirigente brasileiro:- sem consumo não há receita….Eles não entendem?? Ate O presidente do Eua hoje esta entendedo isso. É preciso tratar de toda a população e não apenas das mais simples …até porque não é destribuindo esmolas que vão transformar o pais, mas com politicas adequadas e uma delas é a da cultura…considera luxo para os mais ignorantes. vamos insistir….

on 14 Fev 2009 at 14:343fabs
Se é para unir esforços… http://www.petitiononline.com/LC128/

on 14 Fev 2009 at 21:204Carlos Henrique Machado Freitas
Candida Botelho
O que você chama de esmola? Tens mesmo ideia do que seja fome, miséria, preconceito social e racial, intolerância perfumada, achismo de salão? Enquanto não se demolir todos esses mitos baseados na arrogância de que alguém vai ensinar cultura em uma sociedade, ficaremos aqui nessa gangorra inútil do mundo dos civilizados à caça de um outro a civilizar. Acho que deveríamos ouvir um pouco a voz do silêncio e da reflexão, mas, principalmente duvidarmos sempre das nossas certezas, pois elas costumam ser a outra perna que nos faz tropeçar.

on 15 Fev 2009 at 11:255Wellington Costa
Caro Brant,

Parabéns pela matéria. Em minha atuação atual de formatador de projetos para a área cultural tenho acesso aos altos níveis de impostos que todo o sistema produtivo atrelado ao faze cultural e artísticos é obrigado a recolher ate mesmo quando deseja focar espetáculos e shows de acesso gratuito para comunidades carentes e excluídos socialmente.
Analisarmos as pacas verbas que são direcionadas a projetos artísticos e culturas e nos esquecemos que dentro delas há profissionais que tem que devolver tais parcos recursos aos governos, municipais, estaduais e Federais… Impostos estes que minoram os valores já mais baixos que nos são dedicados.
Não estou fanado da elevação de impostos e sim o que cada agente cultural e artista é obrigado a recolher quando deseja estar com sua atuação plenamente legalizada.
Esta bandeira que você levanta é uma das mais coerentes. Se o estado nos dedica baixos recursos deveria ao menos nos brindar com a isenção, assim teríamos mais recursos para investirmos em outos projetos culturais.
A diminuição dos impostos nos daria maior liberdade financeira para exercemos nossas funções de artistas plásticos, cantores, músicos atores, etc…
Não devemos somente pensar nas empresas culturais e nos setores que na verdade são realmente manifestações de uma industria cultural formal e sim nos agentes artísticos e culturais isolados e os elevados impostos que recolhem.

on 15 Fev 2009 at 14:226Gabriel Estellita Lins
Pessoal, Acho que o momento não é de discussões filosóficas sobre a importancia do trabalho cultural, e muito menos de voltarmos nossas armas contra nós mesmos.
A situação é prática, e muito perversa. Em um momento de crise, de risco recessão, um momento quando a cultura e o entretenimento ficam mais do que vulnerável por conta das características de nossa população e das prioridades das empresas patrocinadoras, o governo apunhala toda uma classe.
Em um momento quando o discurso é de ajuda a diversos segmentos da indústria, vemos o nosso segmento ser taxado com um aumento de mais de 200%.
Qual a justificativa para isso????
Não sei se essa iniciativa do Brant terá efeito concreto, e também não acho que ela seja suficiente se não for seguida de um movimento coletivo, mas a aplaudo pois foi a primeira que consegui vislumbrar no sentido de fazer algum barulho.
Espero realmente que desse pontape inicial venha uma onda de protestos e que, de alguma forma, os ouvidos de nossos governantes sejam tocados.
Não podemos aguentar isso calados!!!
Eu também já assinei.
Abraços,
Gabriel Estellita Lins

on 15 Fev 2009 at 21:527Leonardo Brant
Quero comentar para evitar uma leitura equivocada: 1) O manifesto é uma iniciativa do Instituto Pensarte, proposto por seu presidente, Fabio Maciel; 2) o artigo reflete minhas opiniões e não tem qualquer relação direta com o manifesto. Ou seja, ninguém precisa concordar com o artigo para subscrever o manifesto, cujo texto econtra-se no link acima. Abs, LB

on 15 Fev 2009 at 23:088Carlos Henrique Machado Freitas
A isenção absoluta de impostos é uma das formas mais democráticas que se pode aplicar numa política de fomento à cultura de um país. Esta reivindicação deveria ter sido feita há muito. Outra, seria lançar um pacote de medidas que reduzissem a custos mínimos materiais básicos para a cultura, assim como é feito com a construção civil. Uma lista dos materiais mais utilizados na produção cultural, mas é bom colher outras possibilidades, pois a desoneração naturalmente democratiza na fonte a produção, qualquer que seja a forma de buscar uma alavanque a produção e o acesso à cultura, será sempre uma forma justa, objetiva e desburocratizada.

Gostaria de lembrar uma observação, a meu ver, correta feita por Juca Ferreira no encontro “Diálogo Cultural” no Capanema, sobre a inflação dos serviços em torno da cultura quando se está de posse dos recursos do mecenato. Isso é uma verdade que tem que ser dita. Sei de muitos casos em que o ganho médio de um artista no mercado comum, triplica quando o mesmo sabe que tem patrocínio. Nesse jogo de gato e rato, vão todos para o buraco. Essa discussão sobre cultura no Brasil precisa primar pelo distanciamento do corporativismo de empresas produtoras e captadoras, corporativismo de artisitas, pois devemos entender que se ela está disposta a pagar cachê de estrelas ou financiar a arte e a dignidade do artista que passa léguas dessa crise de griff de camarins. A desoneração tem que ser um esforço geral. Nenhum artista tem que trabalhar de graça, mas também não pode se admitir disparidades de cachê medidos de acordo com o peso do nome e, muito menos, estar na pauta de democratização.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

CENTROS CULTURAIS E DE REFERÊNCIA - NOVO MODELO DE GESTÃO

Amigos da Câmara Setorial de Prod. Culturais,

Tenho a grande satisfação de comunicar minha indicação para o cargo de Gestora do Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, em Santa Teresa. Indicação feita pela nova Subsecretaria de Democratização e Difusão Cultural da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e devidamente aceita.

A nova tarefa se mostrará desafiadora perante as novas políticas que a Secretaria de Cultura pretende implantar em seus equipamentos culturais e orgulha-me fazer parte desta equipe repleta de nomes de reconhecida e comprovada competência.

Contudo e apesar desta nova atividade, o espaço referente às atividades do Conselho de Cultural de Niterói será preservado para que possa continuar a frente da Câmara Setorial de Prod. Culturais com o mesmo empenho e dedicação que tenho demonstrado. Apesar de nascida no Rio e carioca da gema, tenho imenso carinho por esta cidade que me acolhe há mais de 30 anos.

Aproveito para inserir pequeno resumo, distribuído com as primeiras linhas de propostas, que definirão os novos perfis e metas de atuação dos coordenadores recém indicados.

Abraços,
Nádia

CENTROS CULTURAIS E DE REFERÊNCIA - NOVO MODELO DE GESTÃO

Houve uma reconfiguração na estrutura da Secretária Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Temos hoje, uma divisão em 4 Sub-Secretárias, entre as quais de Democratização e Difusão Cultural, onde os Centros Culturais estão inseridos. A nova política cultural modificou a estrutura administrativa dos equipamentos, buscando enxugar a máquina. Foi criada a Coordenação de Centros Culturais, onde ficaram abrigados 10 espaços.

A partir de agora, os Centros terão gestores e um Coordenador Geral (Gilberto Gouma), responsável pelo Planejamento e Administração Geral. A orientação conceitual e programática virá da Equipe composta pelo Coordenador Geral e pelos Coordenadores de área: Artes Cênicas (Celina Sodré), Artes Visuais (Claudia Zarvos) e Música (Samuel Araújo).

As mudanças se devem a uma adequação ao novo modelo de gestão. Pois há a compreensão de que cargos em espaços públicos fazem parte de um projeto em que a equipe deve ser montada não só por critérios técnicos como também por afinidades políticas, visando à harmonia do conjunto.

Deixamos claro que desejamos um diálogo com todos os antigos gestores e/ou curadores no sentido de compartilhar as experiências. Afinal, acima de tudo está o interesse em que a Arte e a Cultura atuem como forças de transformação social.

LISTAGEM DOS CENTROS - PERFIS E GESTORES
CENTROS CULTURAIS

Centro Cultural Municipal Laurinda Santos Lobo

Centro cultural laboratório que funcionará como escola de arte para todas as comunidades de Santa Teresa e entorno. O objetivo é oferecer oficinas em diversas áreas artísticas assim como na formação e capacitação profissional de técnicos para atividades de montagem de exposições, espetáculos e demais eventos.
Gestor: Nadia Medella

Centro Cultural Municipal José Bonifácio
Perfil definido como sendo um centro de estudos da cultura afro-brasileira, questões ligadas à negritude como a inclusão, desigualdade racial e econômica. Destaque para a grande contribuição à cultura brasileira.
Gestor: Néia Daniel

Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho
Catalogação, difusão e exposição de acervos fotográficos. Debates, cursos e biblioteca especializada na área de fotografia. Abrigando ainda espaço para leituras dramatizadas e pequenas apresentações lítero-musicais. Ver projeto em anexo.
Gestor: Vitor de Wolf

Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas
Espaço com programação versátil para público geral. Exposições, música, entretenimento familiar.
Gestor: Dennis Hanson

Centro Cultural Municipal Dyla Sylvia De Sá
Ponto de conexão e programação compartilhada com o C.C. Parque das Ruínas com programação versátil para público geral. Exposições, música, entretenimento familiar.
Gestor: Thaíssa Pontes

Centro Cultural Municipal de Santa Cruz Dr. Antônio Nicolau Jorge
Recém restaurado situa-se em meio ao Eco Museu, contemplado por um belíssimo entorno que o qualifica para todo tipo de atividades inclusive ao ar livre. Propõe-se uma conexão com o Espaço Cultural Sérgio Porto.
Gestor:

Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
Espaço dedicado prioritariamente às artes visuais contemporâneas, multimídia.
Gestor: Ana Durães

CENTROS DE REFERÊNCIA
Centro Municipal de Referência da Música Carioca
Propõe-se um novo perfil mais adequado ao próprio nome. Registro, catalogação e difusão de acervos da música carioca em suas diversas vertentes e gêneros.
É a casa da documentação e do Selo de Musica do Rio.
Gestor do Selo: Cláudio Jorge
Gestor de Documentação: Rosa Zamith

Centro Coreográfico da Cidade do Rio De Janeiro
Centro do pensamento e pesquisa do movimento corporal em todas suas vertentes. Deverá contemplar registro em vídeo, espetáculos, residências nacionais e internacionais.
Gestor: Carmen Luz

Centro Municipal de Referência do Teatro Infantil
Pólo de pensamento das diversas áreas artístico-culturais referentes ao público infantil, bem como apresentações em espetáculos no Teatro do Jóquei..
Gestor: Karen Acioly

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Esclarecimento em relação ao FNC do Reforma da Lei Rouanet

de danielmerli

Em relação ao artigo “FNC: A Caixa-Preta do MinC” do blog Cultura e Mercado, lembramos que não há qualquer obscurantismo a respeito dos dados do Fundo Nacional de Cultura (FNC), um dos mecanismos de financiamento previstos na Lei 8.313/91 - conhecida como Rouanet. Os números relativos ao seu orçamento estão disponíveis no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), tais como qualquer outra execução orçamentária realizada pelo Ministério da Cultura.

Lembramos ainda que os projetos que recebem aportes financeiros do fundo são, predominante, escolhidos por meio de edital público, seguindo uma linha de ação iniciada desde o primeiro ano do Ministério da Cultura sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva.

Todos esses editais encontram-se reunidos na página do Observatório de Editais (http://www.cultura.gov.br/site/categoria/politicas/observatorio-dos-editais/), em consonância com o Decreto nº 5.482 de junho de 2005, que determina a publicidade das informações do governo federal na internet.

Também na rede estão os dados consolidados sobre a captação via renúncia fiscal (http://www.cultura.gov.br/site/2007/11/21/estatisticas/). A informatização do sistema de cadastro via internet – o SalicWeb – permitirá que, em breve, toda a base de dados de usuários da Lei Rouanet também esteja disponível.

Assessoria de Comunicação do Ministério da Cultura

Quadro de execução do FNC em 2008

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Reunião Histórica do Conselho Municipal de Cultura de Niterói




A segunda reunião do Conselho Municipal de Cultura de Niterói, na nova gestão Municipal, foi transferida na última hora para Câmara de Vereadores de Niterói. Construída no início do século XX, tem sua história liga aos grandes acontecimentos histórico que marcaram o antigo Estado da Guanabara assim como a cidade de Niterói.

A mudança repentina contribuiu para ausência de alguns conselheiros, assim como não foram indicados os novos conselheiros do poder público municipal para qual tínhamos a expectativa de apresentação naquela oportunidade. A falta de quorum transformou a reunião em bate papo. A sala reservada para reunião estava bastante comprometida, tinha problemas de temperatura, porém com todas as dificuldades o bate-papo seguiu durante uma hora e meia.

Estar naquele auditório histórico, cercado por quadros que retratam os presidente da casa durante várias gestões me chamou atenção para a necessidade urgente de incluir o prédio da Câmara dentro do roteiro cultural da cidade, talvez promovendo visitas dos alunos das escolas municipais...bom mais isto é assunto para as próximas reuniões.

Nas últimas reuniões do Conselho em 2008 apresentei a sugestão de realizarmos as próximas reuniões do Conselho Municipal de Cultura no Espaço da Câmara Municipal de Niterói. Ou seja, a Câmara seria o melhor espaço, pois ali estão representado os diversos setores da sociedade assim com o debate político das questões prementes na vida dos artistas da cidade. Seria também um campo neutro que permitiria um distanciamento dos aparelhos culturais municipais para a implantação da nova política cultural do município, por parte da nova administração.

Presenciei alguns debates travados nas sessões da Câmara Municipais de Niterói, o tema cultura seja na vertente econômica (leis de incentivos, parceria público/privado) ou no movimento popular se da de forma efêmera e com os ímpetos acirrados.

Com a possibilidade das reuniões do Conselho de Cultura serem realizadas neste espaço o Conselho pode organizar, palestras sobre temas que permeiam o debate da vida cultura na cidade. Podemos criar seminários sobre as leis de Incentivo a Cultura (objetivo de pesquisa de dois conselheiros) com foco em experiências em outros estados, como a lei Robin Hood dos mineiros o que proporcionara aos vereadores acesso a experiências bem sucedidas. Também poderíamos ter as reuniões e seminários transmitidos pela TV Câmara o que possibilitara a boa parte da população acompanhar os trabalhos dos conselheiros. Sendo assim continuo torcendo para juntos construirmos um fórum de debates que contribua efetivamente para a projeção da cidade e seus artistas no cenário local, nacional e internacional. E isto é possível.

Portando não percam as próximas reuniões do Conselho Municipal de Cultura de Niterói, tragam suas idéias, criticas e sugestões o Conselho deve ser uma caixa de ressonância entre o poder público e a sociedade.

Almir Miranda da Silva
Graduando em Produção Cultural - Uff
Webdesigner e Produtor Gráfico
Membro da Câmara Setorial de Produção Cultural
almirmir@gmail.com
cel: 99331311

Quem é o Novo Diretor do MAC



Guilherme Bueno, Jorge Roberto e Cláudio Valério

por Edgard Fonseca

Guilherme Bueno tem 34 anos e é graduado em pintura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Concluiu o mestrado em Artes Visuais, também pela UFRJ, em 2001, e doutorado em 2005. Foi membro da equipe editorial da revista Arte & Ensaio (UFRJ) e pesquisador da mesma faculdade. A sua indicação partiu do Secretário de Cultura Cláudio Valério com o apoio de Dora Silveira, Diretora do Museu do Ingá.

fonte: http://www.ligjornal.com.br/1653/caderno.htm

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

reunião do Conselho Municipal de Cultura Niterói

A primeira reunião do Conselho Municipal de Cultura, na nova gestão
Municipal, será realizada hoje, 09/02/2009 às 18 horas, na Câmara de
Vereadores de Niterói, Av Amaral Peixoto, s/n enfre a Praça da República

A Nádia, nossa conselheira, esta impossibilitada de comparecer devido
a uma consulta médica inadiável. A nossa suplente Walma também não
confirmou presença devido estar com sua mãe internada. Portanto,
pessoas, a nossa presença será importante neste primeiro contato com os representante do poder público municipal que certamente devem se apresentar nesta oportunidade

FNC: A CAIXA-PRETA DO MINC

FNC: A CAIXA-PRETA DO MINC


Respaldado pela maior campanha publicitária de sua história, carregada de dados imprecisos, manipulados e mentirosos, o MinC tentar enfiar o embuste da reformulação da Lei Rouanet na goela da população brasileira. O prazo da consulta pública já está finalizando, mas o prometido projeto ainda não foi disponibilizado para a população.

Não conheço ninguém do mercado cultural que esteja 100% satisfeito com os rumos da Lei de Incentivo à Cultura. Isso não significa que valha a pena a estatização da Lei ou o desmanche no único instrumento efetivo de financiamento à cultura e às artes. A falta de informação precisa sobre o que ela representa para a cultura e a economia deixa uma brecha especulativa explorada de maneira leviana pelo Ministério da Cultura. O site do MinC destinado à discussão do assunto mais parece uma peça de marketing político, com elogios e textos favoráveis ao desmanche da Lei planejado por Juca Ferreira.

Fontes ligadas ao MinC falam em um possível recuo, devido ao desgaste sofrido pelos inúmeros problemas de gestão e pelo episódio do aumento de impostos para o setor cultural. Mas o órgão enfrentaria problemas com o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União, por gastar altas somas em publicidade para um projeto que não existe.

Tive acesso esta semana a parte do conteúdo levantado pelo Observatório Itaú Cultural sobre a Lei Rouanet, que lançará uma revista especial sobre o assunto no começo de março. Eles analisam dados do mecanismo de 2002 a 2007. A revista pode azedar os planos do MinC, que detém e não divulga as informações sobre a Lei Rouanet, o que permite a manipulação com objetivos marketeiros.

O estudo mostra que os casos divulgados pelo MinC para destruir o mecanismo perante a opinião pública são exceções e que ele atende mais produtores e artistas do que qualquer outro sistema existente em nossa política cultural. Apresenta ainda a insignificância do benefício fiscal dado à cultura, em comparação aos incentivos oferecidos a outras áreas e nos remete a um interessante debate sobre a inconsistência da gestão pública e a (ir)responsabilidade cultural dos atuais governantes.

Aguardamos ansiosos o conteúdo da revista, mas por enquanto já podemos afirmar que a grande caixa-preta do MinC continua sendo o Fundo Nacional de Cultura, cuja manipulação está nas mãos do Ministro. Em vez de corrigir as distorções da Lei Rouanet, o FNC reforça o que Juca Ferreira diz ser capaz de corrigir.

A transparência na gestão do FNC é um dos itens mais importantes do programa de governo de Lula para a cultura, em 2002. Não há desculpas para, na metade do segundo mandato, o FNC despontar como um instrumento menos transparente do que era na gestão de Francisco Weffort.

5 Respostas para “FNC: A CAIXA-PRETA DO MINC”

  1. on 08 Fev 2009 at 8:54jPMEndonça

    Lembra o suposto revanchismo de Collor ao acabar com a Embrafilme, já q a classe artística q uma vez apoiou o PT em peso, agora não só debanda, como critica publicamente.
    Esse ‘abandono’ é até previsível, por assim dizer, pois o ideal dos partidos mais a esquerda, sempre foi atingir o ‘Povo’ e artista não se encaixa nessa classe, e o PT, tal qual a ARENA no passado, já está plenamente consolidado no Norte/Nordeste.

  2. on 08 Fev 2009 at 9:54Henrique de Freitas Lima

    Bravo, Leo
    Sábias e vigilantes palavras, que devem ser consideradas por todos que fazem parte desta sofrida parcela do país que gera pelo menos 5% do PIB (também aqui os dados são inexistentes ou manipulados). Basta de aventuras , somemos novas fontes às que já existem sem recuar nas conquistas que tanto nos custaram. Vejamos o bom exemplo do FSA - Fundo Setorial do Audiovisual, que inicia com ótimas perspectivas e gestão transparente.

  3. on 08 Fev 2009 at 9:55Alexandre Reis

    A Cultura é o bem mais irredutível que o povo de uma determinada nação pode alcançar na História da Humanidade. Cultura e Mercado souberam apontar muito bem nestes últimos anos as idiossincrasias e as incompetências de uma gestão ministerial incapaz; não há mais desculpas, não há mais falta de evidências, não há nenhuma hermenêutica que não tenha sido interpretada até hoje no sentido da condenação irrevogável do Governo Lula em termos de Cultura Brasileira. Essa foi a gestão que resolveu soterrar todos os pequenos produtores culturais do Brasil, produtores que há anos esperam por um lugar ao Sol.

  4. on 08 Fev 2009 at 17:10newton P. Quintanilha

    O que é verdade e que é mentira nesta terra ?

  5. on 08 Fev 2009 at 21:48Wilson Merlo Pósnik

    Leonardo:
    Outra vez, você toca num ponto muito importante: o Fundo Nacional de Cultura com a ‘caixa preta’. Isto me faz lembrar um reunião improvisada na Funarte (Rio), após o encerramento do Fórum Cultural Mundial (Fase Nacional), que havia sido no SESC Tijuca, acho que ao final de 2004 (ou 2005), se não me engano. Encontro com representantes de estados e municípios, a pedido do Márcio Meira, então Secretário de Articulação Interinstitucional do MinC (hoje na FUNAI) - antes de ser defenestrado pelo Juca. Para falar mais uma vez, no Sistema Nacional de Cultura. Lembro-me muito bem do discurso oficial - do Márcio e seu pessoal, tecendo loas sobre a sagacidade e a esperteza dos gestores da Instituição da época: graças aos recursos do FNC, o MinC teria conseguido reformar muitos dos seus próprios (especialmente, os sediados no Rio), durante aquele ano. Por isso, ficou (e fica) completamente claro, o desvio de finalidade na aplicação dos recursos do FNC, processo antigo e recorrente. Manter a ‘caixa preta’ sob uma nuvem de camuflagem, sempre foi a tática preferida destes e de muitos dos seus antecessores.

fonte: http://www.culturaemercado.com.br/post/a-cultura-brasileira-entre-aspas-nas-maos-da-elite-que-pensa-em-branco/

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sérgio Mamberti escuta, aqui, as reivindicações


Ele mostrou-se solidário e garantiu estar atento aos questionamentos apresentados

Os problemas são muitos, mas as soluções caminham a passos lentos. Ontem, o presidente da Fundação Nacional das Artes (Funarte), Sérgio Mamberti, durante encontro com artistas e produtores do Nordeste, ouviu uma série de reivindicações dos mais diversos segmentos culturais.

Ele mostrou-se solidário e garantiu estar atento aos questionamentos apresentados. Falou da desburocratização do serviço público para aproximá-lo da classe artística e disse que deixará como legado, no término do mandato, uma Funarte reconstruída e com representações em outros Estados (hoje só há em São Paulo e Brasília e o Recife está estruturando a sua).

“Essa conversa passa a ser orientada no sentido das possibilidades que a gente tem. Precisamos regionalizar os editais e chegar aos municípios essa política (de cultura) para que eles possam participar, e como abranger tudo isso e ter caminhos de interligação e institucionalizar processos que possam garantir essa participação”, disse Mamberti, frisando que para isso é necessário “desburocratizar esses processos”. O ator e jornalista Manoel Constantino pediu a volta das Caravanas do Nordeste e cobrou políticas para a sustentabilidades dos grupos. Ele lembrou que a discussão sobre a economia da cultura avançou muito pouco. Já o cantor sertanejo Santana sugeriu que os tributos sejam diferenciados para os grupos de mercado e os de cultura popular.

A visita de Mamberti ao Estado tem como objetivo estreitar os laços com os gestores públicos da área de cultura e com artistas e produtores, discutindo as ações da Funarte para os próximos dois anos. Mamberti teve reuniões fechadas com funcionários da Representação Regional do Ministério da Cultura e com secretários de cultura de oito estados e sete capitais do Nordeste.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O Ornitorrinco Gestor

fonte: http://www.culturaemercado.com.br/post/o-ornitorrinco-gestor/



O conjunto de certezas a que a modernidade já chegou não permitiria que coisas absurdas continuem acontecendo. E estas continuam acontecendo como se nada tivesse ocorrido nesses últimos três mil anos.

Quando será, enfim, o amanhã? Se hoje sempre o deixamos para depois? O ser humano, quando detentor de poderes públicos, principalmente, acontece de muitas vezes perder a razão e o real dimensionamento de sua importância no cotidiano. As palavras são nossas e ao mesmo tempo do outro também. A alteridade do conhecimento precisa ser praticada e anunciada.

Em sua maioria, os políticos empossados formam um time de seres decalcados da realidade, jogando o jogo absurdo do poder contra o poder, tendo os secretários como seus merecidos gandulas.

Tudo estaria bem, não fosse alguns ainda viverem na era ptolomaica. Isto é, estão um pouco mais do que muito antes da antiguidade, no que diz respeito a conceitos, percepções e direitos humanos.

Há essa espécie perdida no limbo da evolução da vida na terra. Não é essa passando agora mesmo no outro lado da rua. Já não estamos falando dos políticos, mas do nobre ornitorrinco, que passou à história como a prova viva e estacionária dos vários estágios que se seguiram para se chegar aonde hoje estamos todos, cada um no seu galho.

Acontece que o nobre ornitorrinco, que se fixou na transição entre répteis e mamíferos (ele é um mamífero ovíparo), pode também ser a metáfora de um certo tipo de comportamento que, insistentemente, resiste à evolução. E agora, sim, estamos novamente falando dos políticos, de forma geral.

Falamos do homem público, especialmente dos gestores, aliás, às vezes comumente chamados de antas. Ou mesmo de aproveitadores, dissimulados, também de desonestos e por aí, sendo quase que inúmeros e quase que sempre justos, os motivos de tais chamamentos e comparações.

Não pretendemos aqui elaborar um tratado escatológico do político e gestor público brasileiros. Seria pura perda de tempo. Afinal, eles parecem não ler jornais, quando apelados à reflexão; somente quando são cobrados por gente simples que, com artigos, por exemplo, em uma revista eletrônica, se torna porta-voz do povo decepcionado que os elegeu, momento em que se dizem injustamente perseguidos.

Mas seria interessante nos ater a uma classe de político considerada de transição e, qual o ornitorrinco, muitas vezes resistente à evolução em seus meios e modos, apresentando práticas nitidamente estagnadas. São os secretários, muitos deles apenas eternos seres servientes de não se sabe que idéias e ideais.

Sempre na ante-sala do poder e nos bastidores da ação, muitos na retaguarda da reflexão, os secretários lutam por um lugar ao sol, mas devem sempre estar à sombra de seus respectivos mandantes, ao qual secretariam.

Muitas vezes eles são obrigados a agir contrariando seus interesses, seja pela pressão vinda de baixo ou pela pressão vinda de cima. Mas isso não é nenhum incômodo, pois na maioria das vezes, do tipo de secretário de que falamos, a eles não importa o que querem, mas somente importa aonde estão.

Os dias se sucedem e a simples proximidade com os poderosos os satisfaz e parece lhes transmitir poder, ingênuos e obtusos que são. Procura-se uma osmose, que com o passar do tempo rareia cada vez mais e os definha no caráter.

Embora de hábitos noturnos, agindo na calada da noite, e símbolos do passado vivendo no presente, definitivamente, há coisas a que nem o ornitorrinco, o verdadeiro, aceitaria se submeter.

Uma Resposta para “O Ornitorrinco Gestor”

  1. on 28 Jan 2009 at 10:25Carlos Henrique Machado Freitas

    Pois é, meu caro PX!
    Imagino que andaste passando uns dias aqui nas terras de Araribóia.
    Terra santa dos eternos feriados para os, ditos cujos, gestores públicos da nossa matriarca costeira.

    Tenho a impressão de que tais gestores são, quando úteis politiqueiramente (raridade) para o patrãozinho, uma espécie de Dirceu Borboleta dos Odoricos que, por sinal, são muitos por aqui.

    Aqui, no Estado do Rio, a cultura vive um certo Estado de Sítio,
    as figuras carimbadas e já manjadas da velha política (Do leme ao pontal não há nada igual), chegam em caravanas civilizatórias a descobrir, ainda ,as terras cabrálias das “Cidades Mortas”, à caça de um certo título messiânico, inspidados num certo Tenório Cavalcante da era digital.

    Essas figuras caminham entre o povo como numa comitiva rumo a posse (Bloco dos Napoleões). Placas, condecorações, discursos e etc. E cá, pelos lados da (Serra das Araras), Papagaio de Pirata chega todo PROSA.
    É moço branco nas terras broncas, banhado de água de cheiro, gomalina no rabo de burro, trazendo a boa nova junto com os Três Reis Magos magros de recurssos e fai esta gente boa, faz até da cana verde, caldo de garapa adoçado na marra para levar para a sua casa na Lapa e pingar umas gotinhas de adoçante, esses que migram dos bistrôs para entoar, em uníssono e em tom exótico no bonde do gringo, os cânticos e suas acentuações à bangú. Então ouviremos, “coitado do Zé Mariáaaa”….

    Coitado mesmo do Zé Maria, carregador de piano, ver essa gente toda fazê-los de marionetes a seus gostos e modos, vendendo um “Brasil Místico” e seu messianismo vilipendiador.
    É O ALINHAMENTO POLÍTICO POLIDO DAS TRÊS ESFERAS DO PODER!

    Ai, é festa. Imagina um encontro do caça-patrocinios, com a autoridade legislativa das muitas esferas do poder, o secretariado e seus efeitos colaterais caminhando lado a lado.

    Sim, o mote cultural tem se transformado em um jogo de camisas para o time do cascudo de futebol de várzea. Tá tudo dominado! Infelizmente, comunidades inteiras estão nas piores mãos e debaixo de um chantagem vil que não há como descrever.
    O pior de tudo é o estrago que isso faz dentro das comunidades, pois os contrários ao alinhamento com esse indigesto gestor, acabam transformando a vítima que é o próprio parceiro de comunidade, em algoz. E a fragmentação de um bloco social unido pela cultura, vai sentindo os impactos dessa intervenção.

    A valorização do palanque, picadeiro preferido desse enorme circo tem como figura simbólica e brasão central, os patriarcas e as matriarcas.

    Todos à postos, um mote está ali incauto a ouvir o efeito dominó ao contrário. Então, puxamos a fieira dos bagres e o discurso segue…. “ESTAMOS HOJE AQUI INAUGURANDO MAIS UM “PONTO DE CULTURA”, POR INTERMÉDIO DO FULANO, CANDIDATO A VEREADOR QUE FALOU COM O VEREADOR AQUI PRESENTE, QUE FALOU COM O DEPUTADO QUE AQUI ESTÁ, QUE CHEGOU NA MESA DO SECRETÁRIO ESTDUAL, QUE PASSOU PARA O SECRETÁRIO FEDERAL, QUE PASSOU PARA O MINISTRO”. Tudo isso de cultura!!!!!!

    Rufem os tambores! Soltem os foguetes! Alguém vai gritar, “é sua vez Nezinho! E ele grita… Viva o Odorico, amigo do povo! Mas, como todos sabemos, escondem a cachaça do Nezinho, porque depois das duas da tarde, Nezinho vira lobisomem e começa a comer políticos.

    Mas não posso reclamar, um dia ainda viro “Monteiro Lobato”, a fazer crônicas, dessas pérolas, verdadeiras fábulas concretas para divertir gerações. Essa gente é um poço de inspiração de uma água infinita. Quanto mais fazemos buraco, nós, os Jecas-Tatus, mais o poço faz água.


    ........

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

carta da Secretária municipal de cultura, Jandira Feghali dirigida à classe teatral RJ

Segue abaixo carta da Secretária municipal de cultura, Jandira Feghali dirigida à classe teatral do Rio de Janeiro:

Amigos da classe teatral,

A reportagem publicada no último dia 28 de janeiro, quarta-feira, na capa do Segundo Caderno do jornal O Globo merece uma resposta para todos vocês. A começar pelo título: diante da pergunta "É o fim do feudo?", é imperioso responder que sim, o feudo está chegando ao fim. A era dos interesses privados, que se sobrepuseram aos públicos em muitos palcos desta cidade, está com os dias contados.


Mas também é importante dizer que há incorreções bastante graves na reportagem, isso sem falar em algumas mentiras, que poderiam ser evitadas com uma apuração um pouco mais completa dos fatos.

Peço a atenção de vocês para o esclarecimento ponto a ponto que faço nos próximos parágrafos. O Globo dá a entender que fomos lentos no contato com os diretores de teatro responsáveis pela rede municipal. Não fomos. Esta é uma gestão pautada pela reflexão.


Avaliamos cada teatro antes de tomar qualquer decisão. É verdade que não me reuni pessoalmente com cada diretor, mas as equipes existem para que as tarefas sejam divididas. Justamente por confiar integralmente no time que montei para a Secretaria de Cultura, considerei bastante satisfatório que todos os diretores da rede fossem procurados pelos meus colaboradores – subsecretários e coordenadores de área – deste a fase de transição, antes mesmo que eu tomasse posse. Confio na minha equipe.

Vamos ao pontos, então:


SOBRE ANA LUISA LIMA: A coordenadora da Rede é produtora, sim, mas não há qualquer erro de currículo para o cargo administrativo que vai ocupar. Graduada em teatro pela UNI-Rio, ela já se desligou de sua empresa, a Sarau, justamente porque entendemos que as questões públicas não podem se misturar com as privadas, o que vem ocorrendo em muitos teatros da Prefeitura.


Ana Luisa tem grande experiência na área teatral, ótimo trânsito com produtores, mas também com diretores e atores. Foi uma das fundadoras da APTR e é uma das autoras da Lei do Teatro, atualmente em trânsito no Senado Federal.


DIRETORES QUE ALEGAM NÃO TEREM SIDO PROCURADOS: Respondo por todas as questões da secretaria e já tinha agendado uma reunião com os diretores dos teatros para o dia 6 de fevereiro, muito antes de a reportagem ser publicada. Depois que minha equipe já tivesse avaliado as condições de cada um deles. ANA LUISA MANDOU UM E.MAIL PARA TODOS OS DIRETORES DA REDE os convidando para a minha posse, no dia 1 de janeiro, no Palácio da Cidade. E conversou com todos, indistintamente.


RIOFILME: Este é um dos pontos mais graves em termos de incorreção da matéria. A citada funcionária, Sônia Soares, NÃO é dos quadros da Riofilme. Nunca pertenceu aos quadros da autarquia, porque, FOI ALOCADA NA RIOFILME, IRREGULARMENTE, PELO EX-PREFEITO CESAR MAIA. O salário desta funcionária eram pagos diretamente pelo gabinete de Cesar. E foi ele mesmo quem a exonerou, sabendo desta irregularidade, no dia 31 de dezembro de 2008. Não temos nada a ver com esta dispensa. Mais uma vez, se o presidente da Riofilme tivesse sido ouvido, tudo teria sido esclarecido.


MOACIR CHAVES - Moacir Chaves MENTIU ao dizer que não foi procurado pessoalmente por nossa equipe. Ainda na transiç? ?o, os então colaboradores e hoje subscretários Randal Farah (Gestão) e Humberto Araújo (Democratização e Difusão Cultural) estiveram com Moacir no Teatro do Planetário e ficaram cientes de todos os problemas por que passava aquele palco. Já no cargo, Ana Luisa Lima fez uma visita ao Planetário, e só não esteve novamente com o diretor porque ele tem passado os dias de semana em São Paulo, onde ensaia um novo espetáculo. Se a repórter tivesse procurado Ana Luisa, isso teria sido esclarecido. Se eu mesma tivesse sido perguntada especificamente sobre isso, o mesmo aconteceria.


O CASO ZIEMBINSKY: Esta parte da reportagem também é realmente grave. O referido diretor do Ziembinsky só tem esta função desde dezembro de 2008. Antes disso, de acordo com nossa apuração, recebia, sem qualquer registro regular sobre isso, como curador, cargo para o que foi nomeado (verbalmente, jamais no papel) em outubro do mesmo ano. ATÉ DEZEMBRO, O DIRETOR OFICIAL DO ZIEMBINSKY ERA ROBERTO ALVIM, QUE MORAVA EM SãO PAULO. Desde a entrada de Ana Luisa Lima, Carlos Augusto Nazareth demonstrou bastante ansiedade em relação às medidas tomadas. Trocou inúmeros e.mails com a gestora, que dedicou a tarde da última sexta feira a uma reunião com ele. A ansiedade deste senhor foi tanta que ele enviou sua carta de demissão para a pessoa errada, já que os salários dos diretores são pagos por empresas terciarizadas. No caso dele, pela MGS Marketing e Eventos LTDA. De qualquer forma, diante de sua manifestação, já encaminhamos o caso.


CLAUDIO BOTELHO: O diretor do Carlos Gomes foi procurado diretamente por Ana Luisa Lima e trocou com ela uma série de e.mails, dos quais ela tem cópia. Na primeira visita ao Carlos Gomes não foi procurado porque a gestora queria avaliar questões administrativos, já que cada teatro, isto a reportagem também não esclarece para o grande público, tem um programador artístico, caso de Botelho, e ainda um administrador.


SOBRE OS 15% - Reter este valor nos teatros, formando a popular caixinha, é ilegal, que uma secretária não pode apoiar. Caso sejamos coniventes, corremos o risco de responder na justiça por isso. Sabemos que o modelo hoje vigente, de recolhimento do dinheiro ao Tesouro, também não é o mais eficiente, por ser moroso. E é por isso mesmo que estamos querendo formar o Fundo Municipal de Cultura retomar a Fundação Rio. Este último projeto já foi encaminhado ao prefeito Eduardo Paes.


PÚBLICO x PRIVADO: Sabemos que a responsabilidade pelo modelo hoje em vigor na Rede não é dos diretores, e sim da antiga Secretaria de Cultura (ou das Culturas, como queria meu antecessor). Mas alguns foram coniventes com a manutenção de feudos nos teatros, que frequentemente abrigavam uma sucessão de espetáculos dirigidos por seu próprio gestor. Tal situação é incongruente, porque o aparelho público não é um empresa privada. A reportagem nos acusa, ainda que não diretamente, de pouca rapidez na condução deste processo, mas "perdemos tempo" justamente analisando caso a caso e estabelecendo um perfil para cada palco.


Os novos responsáveis pela programação dos teatros serão nomeados nos próximos dias, de forma coerente com estes perfis. Estamos falando de um conceito para a programação e também de um procedimento-padrão para os gestores, que não poderão mais decidir a pauta seguindo seus interesses pessoais. Haverá um norte e certamente a classe teatral vai sentir a diferença e nossa tentativa de democratização e um novo modelo de gestão.


Conto com as sugestões de vocês nesta empreitada que será a nova gestão. Queremos um modelo novo de administração, que não privilegie apenas determinados grupos.

Um abraço,

Jandira Feghali
Secretária Municipal de Cultura